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Nunca esteve tão fácil aprender japonês como hoje (2025)

Dicas de ferramentas para auxiliar nos estudos

Não é surpresa para todo mundo que a maioria dos meus conhecimentos vieram por interesse específico, especialmente jogos. É algo perfeitamente normal e todos devem já ter aprendido algo desta mesma forma: um hobby, uma série com algum tema que te chamou a atenção ou alguma especialização descoberta por acaso na área que trabalha.

E assim surgiu o interesse por aprender japonês especificamente. Na época que iniciei, a maioria dos jogos de grande nome eram obras nipônicas e, muitas das vezes, a localização para o inglês trazia muitas adaptações, tão grandes que alteravam um contexto por completo, às vezes. Em outros momentos, o jogo nem sequer era localizado, porque não parecia interessante, financeiramente falando. Isso sem falar de quando haviam censuras, cortes de conteúdo, etc. Dá pra fazer um post inteiro somente sobre esse assunto.

Conforme pesquisava sobre história do videogame, muitos dos jogos excelentes (ou curiosos, no mínimo), por consequência, ficaram presos a apenas versões em japonês ou péssimas adaptações. Portanto, nada melhor do que beber da própria fonte, não é mesmo?

Então esse é o objetivo em meados de 2010: conseguir jogar um jogo sem depender de tradutor ou dicionário, se possível. Se eu entender a história em boa parte, já estou contente e meu objetivo é alcançado.

E aí que começa o problema…

Sem dinheiro, como posso aprender a língua sem pagar nada?

Nessa época, YouTube já começava a ter os seus primeiros criadores de conteúdo conhecidos, mas a ferramenta não era tão diversa em conteúdo, especialmente se falar em aprendizado online.

Meu primeiro contato, por conta disso, era por busca no Google ou referência de amigos. Foi daí que encontrei o site Otaku Project, que ensinava pelo menos o básico da língua: os dois alfabetos mais comuns (Hiragana e Katakana) e alguns logogramas básicos do terceiro alfabeto e mais detestado por todos: Kanji. Tinha inclusive PDFs para imprimir e treinar sua escrita para iniciar. Eles também ensinavam algumas estruturas gramaticais simples que todo mundo deve aprender.

Depois de já aprender o básico, era necessário dar o passo adiante: gramática mais aprofundada e mais logogramas/kanji. Foi daí que me apresentaram o Learn Japanese With Tae Kim. Já havia mais alguns conteúdos intermediários e que já ensinavam algumas coisas mais elaboradas, mas não o suficiente para, por exemplo, montar frases com mais de um verbo, que é tão básico num idioma.

Com o avanço da internet e a busca constante por conteúdos variados e cada vez mais nichados, o YouTube já começou a ter professores, instrutores e divulgadores dos seus trabalhos internet afora. Hoje, principalmente se você souber inglês, terá um prato cheio com conteúdos ensinando a língua japonesa, independente de seu objetivo. Alguns canais que posso repassar aqui, que possuem inclusive cursos pagos online, são:

Como pode ver, há MUITO conteúdo disponível e de confiança. Eles costumam trazer bastante curiosidade nas explicações, o que pode auxiliar um bocado em seu aprendizado.

Na parte de estudar gramática, ok. Agora vem o segundo dilema…


Como estudar os milhares de Kanji que eles usam?

Bom, esta parte é um tanto… complexa. Até hoje é algo que ainda não tenho tanto domínio, obviamente, mas faz parte do aprendizado. Eles não são difíceis necessariamente, mas são muitos. E tem outros motivos para aprendê-los, além do fato de serem usados pelos japoneses. A leitura de textos grandes fica mais simples, por incrível que pareça.

O ideal é estudar de uma forma gradual, sendo que cada um faz uma ordem de estudo diferente. Nas escolas japonesas, por exemplo, eles costumam ensinar por ordem de frequência, ensinando os mais básicos primeiro e depois os mais avançados conforme a criança cresce. Até na faculdade é possível que você aprenda mais deles, pois cada área também utiliza com certa frequência.

Já o filósofo estadunidense James Heisig defende uma outra abordagem e criou uma série de livros que ensina os Kanji separados pelos seus radicais, ensinando radicais mais simples e, depois, os Kanji possíveis com a combinação de um ou mais radicais. Os livros já são bem conhecidos pela comunidade que estuda a língua e chama Remembering the Kanji

Sabendo o Kanji, como posso estudá-los constantemente?

Um dos processos mais comuns usados pelos estudantes para aprender QUALQUER COISA (não só idiomas) é o Anki, que usa o Sistema de Repetição Espaçado (SRS - Spaced Repetition System).

Dá pra fazer um post só sobre ele também, mas basicamente, ele funciona como um baralho que você adiciona cartas, insere o Kanji em um lado e, no outro, o seu significado, exemplos em frases ou uma foto de onde você viu aquele logograma.

Ao terminar de inserir as cartas, ele pede para revisar estas cartas, como se fosse sua primeira revisão. Você atribui uma nota na dificuldade de lembrar do kanji apresentado. Se lembrou facilmente, ele marca um tempo mais longo para revisá-lo novamente e, caso esqueça, diminui esse tempo. No final, ele cria uma revisão ordenada baseada no seu próprio aprendizado.

Cada dia, é recomendável colocar uma quantia controlada de logogramas que acha ok revisar diariamente, porque lembre-se que isso torna-se cumulativo, até que ele considere que uma carta é “madura” por já ter lembrado logo de cara com muita frequência. Só assim ele “descarta” essa carta do baralho de revisão.

Ele possui versão para Android e iOS, sendo só a segunda paga. De qualquer forma, é possível usar a versão Web gratuitamente

E se eu ver um Kanji que não sei ler? O que eu faço

Essa era a parte mais complexa, para mim, lá nos anos 2000. Eu via muito Kanji em jogo, então não conseguia copiá-lo de fotos e muito menos pesquisá-lo, pois naquela época não tínhamos muita tecnologia para isso. Apanhei muito até conseguir um dicionário online e saber usá-lo para pesquisar Kanji (olha aí outro tema para post!). Os que eu já usei e recomendo muito são:

Hoje você pode simplesmente tirar uma foto e copiar o texto da imagem, caso não saiba procurar no dicionário o kanji… mas calma! Tem um “plus” que eu queria apresentar pra vocês.

E se você estivesse em um site e pudesse passar o mouse em cima de uma palavra em japonês, para ver seu significado? Pois tem! E se chama 10ten Japanese Reader. Dá pra instalar em qualquer navegador mais conhecido e também no celular, tanto Android quanto iOS

Foto de exemplo

E nos jogos? Como faço?

Se você está jogando um jogo que não tem ligação com o PC, as coisas complicam um pouco. O que você consegue fazer, como comentei acima, é tirar uma foto com seu smartphone e copiar o texto escrito nele para um dos dicionários que comentei. Na minha época não tinha isso

De qualquer forma, é bastante recomendado ter um PC por perto, nem que seja para passar a imagem para o computador, porque você pode se aproveitar de mais uma ferramenta mágica que eu gostaria de ter na época: Game2Text

“O que ela faz?”, você pergunta. Eu respondo: ela pega a imagem transmitida de um programa, copia o texto e gera um output com esse texto! Se você estiver jogando um Visual Novel é melhor ainda: dá até pra ele te informar os scripts direto do código-fonte do jogo, o que é incrível. E ainda pode já criar cartas no Anki automaticamente pra você! Bom demais, não é?

(Acho que chega de kanji, né? Já tá grande demais esse tópico)


Agora, leitura e escrita! Me dá indicações de ler e treinar escrita!

Ok, vamos à parte de leitura e escrita, que também é igualmente importante. Este aqui é outro tópico que cai muito na preferência, mas o mais importante é:

⚠️ NÃO USE O DUOLINGO DE JEITO NENHUM! ESQUECE O PERIQUITO/CORUJA VERDE TÓXICA!

Por quê?

Primeiramente, Duolingo é uma ferramenta de gamificação e já foi provado por muitas pessoas que você estuda, estuda, estuda e ainda não se sente capaz de falar a língua em si. Você não tem explicação de contexto da estrutura, do vocabulário e nem da fala. Ou seja: você vai “seguindo o fluxo e vendo no que dá”.

Segundamente(😝): Conforme o tempo passa, a ferramenta está cada vez mais insalubre! Antigamente era possível mandar sugestões de tradução e uma pessoa física poderia confirmar ou corrigir a sentença. Agora, com o foco em IA generativa, todo mundo foi substituído por máquina. Se ela delirar e te mandar uma frase errada, ela vai fazer isso e você não tem como saber, pois é só um aprendiz.

E já comentei acima que ela é tóxica e abusiva, te enchendo de notificação se não entrar no app, né?

Para leitura

Nesse tópico, já indicaria principalmente sites de notícias com a ferramenta do 10ten, que comentei acima. Há alguns sites que possuem uma estrutura bem amigável nas notícias e com menos vocabulário rebuscado. Até possuem, por exemplo, separação de notícias baseado nos níveis do Japanese Language Proficiency Test (JLPT) que você pretende prestar ou que considera apto. Alguns exemplos muito bons:

Tablets também são aparelhos perfeitos para estudo, principalmente se eles possuírem uma caneta, como um iPad ou um Galaxy Tab. Alguns dos que utilizei e gostei foram:

O Kanji Garden é basicamente um “Anki” já com todos os cards preenchidos e que te apresenta os kanji bem mais detalhados. Ele possui áudio para a leitura dos logogramas, exemplos de frase, ordem de traço, etc. O problema é que ele é limitado e quer que você pague uma assinatura ou um pagamento único mais salgado. Dá pra você fazer o mesmo com o Anki manualmente, mas dá um pouco mais de trabalho (ou será que não?)

E escrita?

Talvez este seja o tópico “com menos conhecimento” que eu tenho, pois eu ainda uso o bom e velho PDF de caligrafia com a sombra dos kanji, além de poder treinar no app de notas do tablet. Algumas indicações de sites com este conteúdo são:

O Ringotan cai um pouco na mesma regra do Kanji Garden: grátis até certo ponto, pago depois. Fica a seu critério, mas também pode ajudar ao usar em tablets.


Ufa! Acho que já cuspi muita informação por aqui, né?

Pra quem tá começando, possivelmente vai ser um apanhado bem legal de formas de começar a estudar. Para quem já estuda há algum tempo, pode ter uma coisa ou outra nova que vá ajudar no seu dia a dia de estudos. Pelo menos não vai precisar apanhar tanto quanto em 2010, felizmente. 😮‍💨